sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Pedagogia Diferenciada

Por vezes, a educação escolar pode gerar frustrações nos alunos em virtude de práticas pedagógicas que os professores escolhem, mas são indiferentes às diversidades sociais, mentais e tantas outras presentes na sala de aula. Mello (2005) afirma que

Raramente nossa crença na importância da diversidade é colocada em cheque na convivência do dia-a-dia. Mas, na escola, a aceitação civilizada da diversidade está longe de ser suficiente e, por isso, precisa ser uma preocupação constante dos educadores.

Para que os discentes de um determinado curso possam, então, adquirir uma cultura comum, é necessário considerar as particularidades de aprendizagem, utilizando pedagogias diferenciadas.
Ainda de acordo com Mello (2005) a pedagogia diferenciada está apoiada por dois pilares indispensáveis. “O primeiro constitui-se no conhecimento das necessidades, das formas de aprender e das dimensões psicológicas, materiais e socioculturais dos seres humanos.” Dessa forma, o docente, ao identificar as diversidades, buscará novos caminhos e instrumentos para facilitar a aprendizagem, permitindo que todos os alunos percebam, à sua maneira, utilizações práticas nos conteúdos aplicados em aula.

O segundo pilar aponta que a heterogeneidade dos alunos pode ser usada pelo professor como instrumento de ensino. “É a identificação positiva com a diversidade, um sentimento de ser diverso e compreender a si mesmo por esse motivo” (MELLO, 2005).

Ainda segundo a autora, essa prática não deve cair no relativismo pedagógico, principalmente ao que diz respeito ao nível educacional superior. Pois “quaisquer que sejam suas diferenças, os alunos precisam aprender determinados conteúdos e construir um conjunto de competências”, no caso do ensino superior, para atuar em sua profissão com eficácia.

Estratégias diferenciadas

Perrenoud, em uma entrevista, nos fala sobre a “discriminação positiva”, a qual consiste em “oferecer aos alunos com dificuldade mais inteligência profissional, mais atenção, mais disponibilidade”(DREYER e RISCHBIETER). Ele diz que essa estratégia de se dedicar em cuidar dos casos mais graves ao invés de se gastar mais tempo com alunos considerados bons não é injusta, pelo contrário, respeita “um princípio de justiça: a cada um, segundo suas necessidades” (DREYER e RISCHBIETER).

Diversidade de práticas pedagógicas

Pensar o fazer pedagógico de forma diferente é demonstrar insatisfação contra as desigualdades mantidas e fabricadas no sistema educacional e, consequentemente, posicionar-se contra o fracasso escolar, que também atinge o ensino superior.

A boa alternância entre os momentos individuais e os coletivos, entre a preleção e o debate, entre a expressão oral e a escrita, entre o ambiente fechado e o aberto, entre o intra e o extramuros, entre o disciplinar e o interdisciplinar, entre as velhas e as novas tecnologias – do papel ao computador. Enfim, a incorporação ao cotidiano da escola dos mais diversos elementos e recursos e ainda a melhor utilização dos próprios recursos existentes, inovando-se em seus usos, permite ao educando vivenciar constantemente a variedade de condições, o imprevisto e o novo, em permanente desafio à sensibilidade e à criatividade. (PEREIRA, 2002)

A educação inclusiva vai contra a forma engessada de perceber, pensar e agir diante do outro. Tentando criar mais espaços na educação superior com abertura para diversas expressões da diferença. No entanto, isso deve ser feito tendo em vista os limites que os conteúdos aplicados nos diferentes cursos de uma faculdade permitem.

Na pedagogia que respeita as diferenças, segundo André (2000), o aluno está no centro do processo educativo, passando o professor a ter uma postura de orientador da aprendizagem. Assim, cada qual receberá o apoio da forma que necessita, a seu tempo.

Mecanismos diferenciados de interação entre os alunos

Sabe-se que a aprendizagem é um processo ativo em que o aluno se envolve na construção de conhecimentos. A efetivação desse processo depende de sua interação com o ambiente e com o outro. Esse outro, por sua vez, não precisa ser, necessariamente, o professor, mas, sim o colega ao lado.

No ensino superior, então, a troca de conhecimento com colegas de profissão é de suma importância para validar, descartar ou ampliar as teorias e seus caminhos estudados nos livros. Através de debates, entrevistas ou mesmo conversas informais organizadas, o professor pode enriquecer o conhecimento de sua turma.

Materiais didáticos

É indiscutível a importância da escolha dos materiais didáticos ao se falar em pratica pedagógica, pois ele será o transformador de uma atividade monótona em algo interessante. A quantidade e diversidade de material didático a ser utilizado nos cursos superiores para transformar um conteúdo em uma aprendizagem significativa pode variar de acordo com o curso, a disciplina e a criatividade do professor. Não há limites, pois, como bem afirma Waldhelm (2002), “múltiplos materiais representam múltiplas possibilidades”.

Metodologias de diferenciação

Em educação sempre se fala sobre igualdade de oportunidades e em sucesso educativo para todos. No entanto, é preciso ter consciência de que as diferentes trajetórias de vida dos educandos implicarão, diretamente, nos objetivos, conteúdos e formas de ensinar. Assim, o uso de metodologias diferenciadas terá como objetivo o sucesso educativo de cada qual com suas diferenças. Fazendo oposição a todo tipo de uniformização: de conteúdos, métodos, ritmos e organizações.

Esperar que os alunos de uma mesma turma atinjam os mesmos objectivos, com o mesmo ritmo de trabalho, através das mesmas actividades, sob uma mesma metodologia de ensino, apesar da diversidade de características pessoais, estilos de aprendizagem e conhecimentos prévios, é uma esperança vã, pela improbabilidade de se conseguir. A improbabilidade aumentará infinitamente ao extrapolarmos para a dimensão de um país. (GOMES, 2006)


Referências

ANDRÉ, Marli. Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, (org) – 4 ed. 2002.

DREYER, Diogo e RISCHBIETER, Luca. O pensador dos ciclos. Retirado de http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0108.asp em 17 de abril de 2008, às 17h.

GOMES, Mário Henrique de J. O despacho n.º 50/2005 e a diferenciação pedagógica. Retirado de http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=429 em 24 de abril de 2008, ás 14h30.

MELLO, Guiomar Namo. Diversidade não é desigualdade. Retirado de http://revistaescola.abril.com.br/edições/0183/aberto/mt_75161.shtml em 17 de abril de 2008, às 17h20.


PEREIRA, Avelino Romero. Diversidade e flexibilidade. Retirado de
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/empp/emppimp.htm em 21 de abril de 2008, às 19h25.

WALDHELM, Mônica. Materiais didáticos. Retirado de http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/empp/emppimp.htm em 21 de abril de 2008, às 19h40.

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