sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A universidade brasileira pode e deve ser pública não-estatal?

No artigo “A universidade brasileira pode e deve ser pública não-estatal, como é a universidade americana” Bresse faz algumas considerações sobre o caráter estatal das universidades públicas brasileiras. Considerando os gastos que elas acarretam para os cofres do governo sem, no entanto, obter a eficiência esperada em suas obrigações de ensino, pesquisa e extensão. E mostra que, sobre este problema, debruçam-se vários outros como professores desinteressados, alunos que só almejam seus diplomas e lutas por uma reforma equivocada em seus próprios ideais.
Discutir a universidade brasileira em busca de melhorá-la é necessário e urgente, por isso, o presente texto se propõe a analisar tais idéias de Bresse e tentar apresentar outras considerações pertinentes.

Sem se opor à universidade pública, Bresse argumenta a favor de um modelo norte-americano para a educação superior no Brasil. Nesse modelo, segundo o autor, as universidades são melhoes porque são públicas não-estatais, com autonomia administrativa e competidoras entre si, pois sabem que os recursos chegarão mediante reconhecimento de qualidade.

O Brasil, no entanto, seguiu o modelo francês, que não tem obtido sucesso e, atualmente, nossas universidades encontram-se mergulhadas em uma crise. Apesar do discurso de importância que as universidades têm para o desenvolvimento do país — discurso verdadeiro, diga-se de passagem —, governo e sociedade não estão dispostos a financiar os custos acadêmicos. Bressa levanta alguns motivos para essa falta de interesse: diante dos grandes problemas do país, a universidade passa a não ser prioridade; ao invés de formar cientistas, tem preparado profissionais que se empregarão sem jamais contribuir com os pensamentos que formam a nação e, não menos importante, a atuação frustrante d parte do corpo administrativo e docente das IES públicas.

De acordo com Bresse, a reforma pela qual a universidade brasileira necessita passar não culmina na privatização, mas sim na desvinculação do Estado, tornando-se, de fato, autônoma. É bastante pertinente a idéia de que a visão de funcionalismo público, com todos os estigmas que essa denominação traz, seja ruim para as universidades, pois, como instituição democrática, sede do saber, ela deveria ser administrada para alcançar seus objetivos de mudança social através da educação.

Provavelmente, Bresse esteja certo quanto ao sucesso das universidades norte-americanas, mas apostar na adequação desse modelo no Brasil é, certamente, querer encaixar um quadrado em orifício redondo. Talvez muito se possa aprender desse modelo educacional, mas o melhor para a universidade brasileira é compreender suas necessidades e particularidades olhando para ela e encontrando nela a sua forma específica de melhor atuação.

Sem dúvida o modelo atual está destinado ao fracasso, como já tem incorrido algumas vezes, portanto é necessário mudar a forma de gestão das universidades públicas e torná-las autônomas em relação às burocracias do Estado. Assim, poder-se-á falar em avanço científico, desenvolvimento, melhor administração, professores envolvidos e alunos participantes.

Produzido para Curso de Especialização em Docência do Ensino Superior

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